Acordamos com o tempo nublado, como ocorreu em todos os dias, e seguimos direto para Trancoso. Saímos cedo e ainda deu tempo de ver os pescadores ancorando no mercado do peixe de Porto Seguro.
Para chegar em Trancoso é necessário pegar a balsa até Arraial e de lá escolher entre uma estrada de barro e outra de asfalto, com uma diferença de 10km. Na balsa passamos pela Ilha dos Aquários, uma opção da noite em Porto Seguro, que conheci da última vez que aqui estive (idos anos 2002).
Devidamente paramentada com as havaianas compradas em Arraial (a despreparada foi de salto para Arraial – Nunca faça isso, a não ser que tenha curso de MBA em equilibrismo!)
Nos primeiros 5-7 km (após sair de Arraial) há um ponto de apoio turístico. Lá havia um garoto com vários mapas na mão, nos explicou a entrada da estrada e nos “vendeu” o mapa por R$5,00: “A senhora me dá o valor que quiser, eu compro por 2 reais…”. Barato, afinal ele assegurou que a estrada estava boa e que tinha sido passado o trator no dia anterior. Adivinha que estrada escolhemos? A de barro, é claro!
Excelente, fichinha para a que pegamos para ver o Poço Azul na Chapada Diamantina. Chegamos em Trancoso embaixo de tempestade, mal dava para procurar uma pousada. Passamos pela Calypso, pois permitia que o carro chegasse até a porta, o que não acontece no quadrado – R$120,00 + 10%. Decidimos dar mais uma volta, já que a chuva tinha amenizado. Fomos então na Capim Santo, porém estava lotada e a diária em mais de R$300,00. Voltamos à Calypso e que maravilhosa ideia.
Primeiro porque cafifamos um desconto por pagar à vista em espécie (a taxa de serviço), depois porque a pousada é um charme. Super pequena -10 apartamentos em estilo bangalô, melhor: estilo casinhas de Trancoso.
Este verde era o quarto com vistas para a praça que fica logo ao lado do Quadrado. A praça é super tranquila e não tem agito à noite. Achei uma excelente opção pela tranquilidade e proximidade da movimentação noturna do Quadrado.
Nosso quarto era composto por dois ambientes, um outro quarto ficava aos fundos, ideal para uma família com filhos pequenos. Nossa cama com janela de frente para o jardim.
“Cama de hóspedes” em frente à praça.
Banheiro enoooorme, próprio para uma família grande.
No centro da pousada há este gazebo com uma hidro no jardim, mas se paga.
Como o sol apareceu, o que também aconteceu todos os dias lá pelas 10 da manhã, fomos andando para a praia. Quem está hospedado em Trancoso tem que andar cerca de 15 minutos, ladeira abaixo, até chegar na pista de barro. De lá há a possibilidade de se virar à esquerda (praia dos coqueiros e dos nativos) ou à direita (praia de Itaquena e Barra do Rio dos Frades). Seguimos em frente, próximo à Praia dos Coqueiros. Atravessamos o manque, com direito a muitos caranguejos.
E ali estava a praia
Sol querendo apontar. Uma barraca bem improvisada à esquerda, declinamos o convite e fomos em busca da Uxuá (indicação do RF). Chegamos, esperamos, esperamos, até que decidimos perguntar quando abriria: Estamos esperando o sol sair. Merecia a resposta – E a barraca funciona com luz solar? Me contive, era muito cedo para irritação.
Sem mais opções, atravessamos o Rio Trancoso, que ainda estava com a maré baixa (depois ficamos sabendo que seria muito perigoso atravessar com a água acima das coxas)
Lá estava a Fly Club, antiga Tostex, palco de várias festas no verão, agora na baixa estava fechada e com ar decadente. Logo ao lado haviam várias barracas, coladas umas às outras. Sentamos na mais cheia (ou menos vazia). Com um interior bem bonito, a parte externa não tinha nenhum atrativo.
Cadeiras de plástico, sem guarda-sol, vendedores de cd, cavalos na areia para passeios, tatuadores, etc. Tudo o que não gostamos na praia.
Como estava sol, a água convidativa, ficamos um pouco. Provamos uma casquinha de caranguejo, nada demais, mais duas cervejas e pensamos: as praias de Trancoso não podem ser só isso. A visão à frente, contudo, parecia desmentir. A única saída eram aqueles guarda-sóis lá ao fundo, quase na linha do horizonte.
Pedimos a conta no Zé Barbudo e seguimos pela areia.
Chegamos à pousada Estrela D’água. Logo perguntei sobre o funcionamento – R$200,00 por guarda-sol (entenda-se para duas pessoas) e a primeira fila (esta da foto) está reservada para os hóspedes. Este valor e estava lotada. Agora sim, bem-vindos a Trancoso!
A responsável logo depois nos explicou: é apenas um consumo médio, para quem vai ficar, beber alguma coisa e fazer uma refeição. Bem básico, não?!
Alguns minutos depois de improvisarem uma mesa, quase não haviam mais cadeiras… Pedimos um ceviche e um espumante para melhor nos adaptarmos.
E a vida ficou assim até o cair do sol (que foi antes do fim da tarde, diga-se!). A pousada é muito bonita e o atendimento espetacular – fomos tão bem recebidos que nos sentimos como hóspedes.
Voltamos de táxi para o Quadrado (absurdos R$20,00 – preço fixo, mas não dava nem para imaginar subir a ladeira). O Quadrado estava vazio, é onde só existe vida após as 18horas. Pude apreciar a sua singela beleza tranquilamente.
Os restaurantes que abrem para almoço
A calma passagem do tempo
Ao fundo da Igreja de São João (o nome da praça é São João, mas se pronuncia Quadrado) está a falésia. Segundo o marido não seria falésia, já que esta é produzida no contato do mar com a rocha. Ok, faltei a esta aula de geografia. De acordo com o Dicionário Houaiss, falésia seria “rocha alta e íngreme à beira mar” – Ponto para o marido!
Falésia ou não, a vista para o mar verde com esta quantidade de coqueiros é de babar! Ao lado há um pequeno cemitério que, para minha surpresa, enterra gente até hoje.
Era tudo o que eu esperava, um lugar especial. Limpo, diferente, movimentado sem muvuca. Na hora que passei, nenhuma importunação, apenas o som dos pássaros.
E o caminho de Alice no país das Maravilhas para retornar à pousada e decolar em uma merecida soneca.
À noite existem várias opções em Trancoso. Ficamos em dúvida entre o restaurante do Gordo, muito recomendado e o Cantinho Doce. Como estava apaixonada pelo Quadrado, ficamos na Cantinho (o restaurante do Gordo é dentro da pousada e um pouco mais caro)
Romântico como todos em volta.
Mesas ao ar livre, velas, almofadas e comida boa, o que mais podíamos esperar? Pedimos um badejo ao molho de camarão.
E caipirosca de abacaxi.
Depois da comilança, fomos nos despedir.
Caminhar um pouco e tomar um café ao lado da livraria. Havia um forró, mas estávamos mais em clima de romance.
Fácil descobrir porque há tantos casamentos em Trancoso.
4 Comentários
Lu Malheiros
9 de julho de 2012 em 00:47Lindo post!
Abraço,
Nivia Santana
9 de julho de 2012 em 12:43Que honra sua presença por aqui, Lu!!! Abraços
Mateus Jesus
8 de outubro de 2013 em 18:19Olá, tudo bem?
Grandes dicas às suas, parabéns!!
Pretendo ir para arraial em março do ano que vem e ir até trancoso conhecer o quadrado e a praia. Sabes me informar se é muito perigoso transitar pela estrada que leva até trancoso a noite?
Muito obrigado.
Atenciosamente
Mateus.
Nivia Guirra Santana
10 de outubro de 2013 em 14:34Olá Mateus! Entrei em contato com uma amiga moradora de Porto Seguro e ela me disse que nunca ouviu boatos ou notícias de assalto nesta estrada. O que acontece é que uma parte não é de asfalto, mas cascalho ou terra, o que faz com que a viagem demande um pouco mais de atenção. Normalmente viajo à noite pela Bahia e nunca tive problema! Excelente passeio a Trancoso!