Suzhou merece ser incluída em qualquer viagem à China. A cidade dos canais é um passaporte para o passado de uma China que quase não existe mais. E essa mesma Suzhou te transporta para um futuro que ainda só existe em sonho, mas que podemos antever basta virar a esquina.
A China surpreende antes mesmo de viajar até lá. Qualquer pesquisa sobre o país já nos leva para o livro Guiness ou para uma daquelas listas irresistíveis “os dez maiores… do mundo”.
A cidade mais populosa do planeta: Xangai; o maior muro de proteção: a muralha da China; o maior e mais antigo canal artificial do mundo: o Grande Canal em Suzhou.
Escolhemos Suzhou por ser o mais próximo de cidade de interior, apesar de seus quase 6 milhões de habitantes. Ao chegar, me surpreendi, à exceção da parte antiga, tudo em Suzhou é moderno. Prédios enormes com muito neon, linhas de metrô, ambulantes, trânsito engarrafado e muita gente na rua.
O que parece o caos instalado pela minha descrição, na verdade é a síntese da nossa viagem à China. Mesmo com uma extensa e profunda pesquisa, só vendo para acreditar na enorme contradição que é esse país.
Para amplificar essa experiência, tentei mergulhar no modo de viver dos chineses, que conseguem combinar um alto consumo em lojas que vendem de tudo a cerimônias do chá que duram horas (em dias úteis!).
O início decisivo dessa vivência se deu na escolha da hospedagem. Como já falei nesse post, geralmente escolhemos pequenas pousadas instaladas próximas aos centros históricos. Como foi uma viagem em família, com um grupo diversificado (adultos, idosos, crianças e adolescente), deixamos para Pequim a pousada e ficamos em um hotel tradicional.
O hotel Soul Suzhou. Pelo google maps parecia estar próximo das atrações, mas dependia de uma bela caminhada. A nota de localização do hotel no Booking se dava por outro fator: o hotel fica no centro de compras da cidade!
Durante o dia rumávamos para os jardins e ruas históricas com seus lindos canais, à noite estávamos mergulhados em néons, comida de rua, anunciantes fantasiados e vendedores de bolsas e relógios, “rolex e Luis Vuiton”.
Entre uma vitrine e outra, o maior templo taoísta da China. Entre uma loja de quinquilharia e falsificados, um corredor de grifes internacionais (essas sim originais).
Suzhou é uma mistura da ancestralidade de Pequim com a modernidade de Xangai. Tudo isso em doses homeopáticas, já que as duas metrópoles concentram quase 50 milhões de habitantes e Suzhou pouco mais de 10% disso.
O que não impede que a cidade tenha infraestrutura, que seja servida de trens bala, linhas de metrô e fast food, mas ainda pode ser chamada de cidade interior.
Foi mais difícil encontrar restaurantes internacionais (tivemos que jantar duas vezes no hotel, por falta de opção nas proximidades). O restaurante era ótimo e com música ao vivo à noite.
Poucas pessoas falavam inglês e a comida de rua é mais hard – na pimenta, na aparência e no cheiro. Mas apesar disso, ou mesmo por conta disso, todos amamos Suzhou.
Dicas práticas em Suzhou
♥Onde ficar♥
Soul Suzhou – Um hotel grande, mas ainda assim com um excelente atendimento, quarto espaçoso e café da manhã dos deuses.
Tivemos um problema com o ar condicionado no primeiro dia, pois o mesmo era central e achamos que fazia calor. No dia seguinte o problema tinha sido resolvido. Afinal, qualquer dor de cabeça passa com esses duplings lindinhos…
♥Onde comer♥
Soul – restaurante do hotel – Esse foi nosso ponto de encontro todos os dias. O restaurante Soul é aberto para não hóspedes, serve um chop gelado (coisa rara na China), tem cardápio ocidental e bom atendimento. Impossível de resistir.
Paradox – Almoçamos nesse restaurante que fica próximo da Escola de Confúcio. É um restaurante charmoso, em uma rua de compras também charmosa. Tem cardápio francês, mas é possível comer boas massas lá também. Um pouco mais caro do que a média chinesa, mas excelente para quem quer tomar um vinho.
Finland Café – Restaurante Finlandês, com nota ótima no tripadvisor. Logo na chegada vi o motivo: os donos são uma simpatia. Além disso, o restaurante fica na rua mais linda da cidade. A comida não é o maior atrativo, mas o atendimento te faz sentir em casa.
❤O que fazer❤
Contra todos os exemplos de outros viajantes e blogueiros, reservei 3 dias para Suzhou. A maioria fica entre um bate e volta e 2 dias. E juro que não deu pra ver tudo.
Suzhou tem lindos canais, dezenas de jardins, ruas históricas, comércio intenso, lojinhas lindas e diferentes.
Começamos a viagem pelo Pagode antigo (Beisi Ta) e Museu da Seda
Dali é possível caminhar até o jardim mais famoso de Suzhou, o Jardim do Administrador Humilde. Os Jardins de Suzhou são as grandes atrações da cidade, mas há muito mais em Suzhou.
Rua Pingjiang – rua histórica, margeada por canais estreitos, lojas lindinhas, casas de chá e muitos jovens. A rua merece ser visitada várias vezes, fiquei com muita vontade de me hospedar aqui.
A rua Pingjiang merece ao menos duas visitas, uma diurna e outra noturna. Os charmes são diferentes. Enquanto durante o dia a rua ferve, os passeios de barco estão a todo vapor e as pessoas zanzam para lá e para cá, à noite a rua assume outra natureza.
Romantismo puro… As lanternas vermelhas, a iluminação esparsa, o reflexo na água, tudo eleva a alma. E pensar que caminhamos ao lado de um canal de 800 anos…
Difícil não gostar de Suzhou com tantos atributos.
Se perder em uma rua residencial. No caminho entre o Hotel Suzhou e o jardim “Mountain Villa with embracing beauty” acabamos por entrar em uma rua residencial. Foi uma surpresa.
A vida antiga, os mercadinhos, as crianças brincando na rua. As pessoas apontando para nós e sorrindo. As casas geminadas, as portas de ferro. As pequeníssimas pontes. Se perder, às vezes, é esssencial.
Visitar templos. Na viagem visitamos três templos, o Pagoda Beisi Ta, primeiro templo budista da cidade, o Chenghuang e o Xuanmiao. É uma experiência sensorial. Com muito respeito, vale a pena visitar.
♥Como chegar♥
Compramos as passagens de trem rápido, de Pequim a Suzhou, pelo site Travel China Guide. Embora o Matheus do blog O Baú do Viajante tenha explicado direitinho como comprar, achei mais confortável já sair com a passagem.
Na estação não houve qualquer dúvida, pois os nomes da cidades também aparecem em alfabeto latino nas placas.
Nesse mesmo dia, Xu Sanguan voltou para casa, vindo do campo. Ao chegar à cidade, já escurecia. Naquele tempo, as ruas ainda não tinham iluminação pública, mas lanternas vermelhas pendiam dos beirais de algumas lojas, lançando faixas desiguais de luz no calçamento. Caminhando para casa, a figura de Xu Sanguan ora mergulhava na escuridão, ora aparecia com clareza. Ao passar pelo teatro, ele avistou Xu Yulan. A Rainha da Rosca Frita estava de lado diante do teatro, entre duas grandes lanternas, mascando sementes de melancia e com o rosto avermelhado pela luz das lanternas.
Yu HUA, Crônicas de um vendedor de sangue.
Quer conhecer mais sobre Suzhou? Escrevemos sobre os fantásticos jardins da cidade.
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