15.02.2012
A gripe já tinha se instalado no meu frágil corpo (quer dizer, não tão frágil depois de tantos carboidratos…), mas encarei com bravura A Galeria Uffizzi. São três acessos para o Museu, todos neste corredor. A entrada 1 – primeira entrada à esquerda para quem vem do Palazzo Vechio – é para pessoas com bilhetes reservados (nosso caso que compramos pela net), a entrada 2 – segunda entrada à esquerda- para quem não reservou e a entrada 3 – bilheteria e troca do voucher da internet pelos ingressos reservados.
Na Galeria Uffizi é proibido tirar fotos das obras, o que cumprimos com rigor. Eles permitem fotos da paisagem, já que as vistas são lindas das imensas janelas da Galeria. Olha a Ponte Vecchio, imagina como ficaria no sol de ontem?
A Galeria Uffizi é imprescindível, nela estão algumas das principais obras de arte do mundo e para quem gosta do renascimento é um prato cheio. Alguns dados podem esclarecer a importância deste museu: É o mais antigo da Europa, 1560, construído por Vasari para abrigar os escritórios administrativos e judiciais da Toscana. São 1.800 pinturas e esculturas que retratam todos os períodos do renascimento, além de obras arqueológicas e esculturas da antiguidade clássica. Só para deixar na vontade, algumas das obras mais famosas da Uffizi, fotos colhidas nos sites referenciados abaixo da foto.
O nascimento de Vênus, Botticelli, sem data definida, possui a leveza característica de algumas obras do artista e, embora repetidamente impressa, ainda conserva o impacto em que a vê. As cores são mais esmaecidas do que na imagem e, segundo o livro da Galleria Uffizi conta (comprei no Museu por e$16,00) foi pintada com um composto de gema de ovo e verniz, para dar o aspecto de afresco e conseguiu.
A primavera de Botticelli, encomendada em 1478 pelos Médici, e também inspirada na mitologia da antiguidade, com as três Graças, o Deus Mercúrio, Cúpido, o vento Céfiro e a ninfa Clori, que, depois de possuída por este, adquire a capacidade de fazer brotar as flores. A figura vestida de flores, poderia significar a transformação de Clori em Flora, deusa latina da Primavera.
Um olhar menos acadêmico nos faz lembrar que é a primavera a época mais propícia para o amor, em que os ventos sombrios do inverno nos deixam para que possamos florescer no melhor dos nossos sentidos.
Um olhar menos acadêmico nos faz lembrar que é a primavera a época mais propícia para o amor, em que os ventos sombrios do inverno nos deixam para que possamos florescer no melhor dos nossos sentidos.
O Sacrifício de Isaac, uma das obras de Caravaggio presentes em uma sala especial para o artista (assim como com Botticelli) possui todo o vigor e violência de uma obra mestra do artista. A precisão do traço pode ser vista nas rugas de Abraão, perfeitas.
A Vênus de Urbino, de Tiziano, considerada a Vênus Perfeita (Lord Byron), é de uma deliciosa ambiguidade, contrastando a sensualidade da vênus, com a mão delicadamente pousada sobre o ventre, não com o objetivo claro de cobri-lo, e o ambiente doméstico e corriqueiro ao fundo. Foi encomendada em 1538 pelo Duque de Urbino.
e A Anunciação, Leonardo da Vinci (ou de Verrochio), há dúvidas da autoria. A delicadeza da transparência e das mãos e faces do anjo são emocionantes.
Só tem um problema – são muitas obras de arte para um dia, ou mesmo um turno, e depois de duas horas de visita os olhos e a mente já estão saturados de informação. Por isso, compensa comprar ingresso para dois dias e fazer duas visitas, dividindo as salas e apreciando com calma a coleção. O café do museu também é muito agradável e pode servir para um descanso momentâneo. Nós optamos por tomar um vinho. Procuramos um restaurante agradável e tradicional para o nosso “último” almoço em Florença – Trattoria Zà-Zà. Fica na praça do Mercado Central e é bem espirituoso.
Olha os pratos com estampa de bicho:
Pedimos como entrada com o queijo Taleggio, famoso prato da casa e uma bruschetta tradicional. O queijo é realmente impressionante, parece um brie, mas mais tenro e com a cremosidade de um camembert, d-e-l-í-c-i-a. Acompanhado de um Rosso di Montalcino, 2009, da Cantina de Montalcino, bom também.
Eu fui de risoto de camarão com aspargos frescos e trufas negras. O melhor risoto que comi na Itália!
O nosso amigo foi de nhoque de gorgonzola – achei um pouco grosseira a massa, sem leveza.
E o marido de “taglia-alguma coisa” de cinco queijos. Primeiro “fora” da viagem, achamos que era uma massa, pois estava entre os “primo” prato, mas eram só queijos com torradas. Rimos muito e pedimos outro nhoque!
Alguma dúvida de que – Ponto para mim??!!
Esta comilança, a gripe dominando e o tempo meio chuvoso nos desanimou bastante. Apenas outra coisa nos faria levantar nesta noite: Um novo maravilhoso restaurante! Fomos ao Coquinarios Wine bar, pertinho do Duomo, do qual nos despedimos humildemente e, secretamente, pedi para voltar a vê-lo, outro dia.
O restaurante estava cheio, coisa que vimos poucas vezes aqui em Firenze, não pegamos fila ou esperamos em nenhum restaurante. A sorte é que havia uma mesinha esperando por nós (e sem reserva!). Como era a última noite, pedimos um Barolo para comemorar (como comemoramos nesta viagem! Ou como dizem eles – vivere la dolce vita!)
O vinho foi indicado por um dos garçons, palavra que não combina muito com os jovens, descontraídos e super atenciosos que nos receberam. Pedimos de entrada um carpaccio de carne com ervas finas – muuuuiiiittto bom.
E eles nos trouxeram de cortesia, para combinar com o Barolo um patê de fígado (nós adoramos!) com cebolas caramelizadas, huumm. O melhor!!
Eu pedi um ravioli com pêra, estava bom, mas não espetacular.
O marido uma Ribollita, um tipo de sopa tradicional da toscana, com pão, verduras, carne e outras cositas mais. Muito nutritiva e saborosa!
O nosso amigo um carpaccio de salmão defumado, mas muito leve e delicado, não como aqueles em que só se sente o cheiro do defumado.
Acho que ponto para o Barolo, a melhor companhia da noite!
Ainda tomamos um Limoncello da casa e conversamos, até o limite das línguas, sobre Veneza, Bahia e o Carnaval.
Por fim, um cálice de vinho do Porto no Honesty bar da Pousada (tradução: uma bandeja na recepção, onde o hóspede serve-se à vontade e escreve o que consumiu em uma caderneta para depois acertar com a conta final).
E assim nós demos ciao a Florença, ou melhor, arrivederci!
2 Comentários
Pedro Pereira
19 de setembro de 2014 em 16:50Excelente descrição e excelentes fotos! Valeu 😉
Nivia Guirra Santana
19 de setembro de 2014 em 20:31Obrigada Pedro, vou dar uma conferida no seu tb! Abs