Roteiro de dois dias em Xangai e lugares imperdíveis
Xangai não era a cidade mais desejada na viagem à China. Confesso que foram as leituras de viagem que começaram a instigar o desejo de conhecer a cidade. Sempre retratada em sua atmosfera sensual e cosmopolita, queria ver se era isso mesmo. Sim, é isso mesmo!
Contudo, mesmo sendo uma cidade interessante, não colocaria tantos dias (exceto se contar com dias sobrando, o que é raro para um turista). Por isso, essa sugestão de roteiros com os pontos principais da cidade em dois dias.
Talvez Xangai seja o contraponto da tradição de Pequim e da beleza contemplativa dos jardins de Suzhou. Xangai é contida em sua historicidade, é uma cidade jovem, mais influenciada pelo século XX do que pelos 5mil anos de história chinesa. Embora tenha mais de 800 anos, apenas no Séc. 19 se tornou um importante entreposto comercial, consequência da vitória da Inglaterra na 1ª Guerra do Ópio.
O que fazer em dois dias em Xangai
Museu de Xangai
O melhor museu da viagem talvez seja a pedida para começar a conhecer Xangai.
Possui antiguidades de todas as dinastias, separadas por salas e por 120 mil artefatos ao longo de seus 4 andares. Em um prédio imponente em formato de pote de bronze da dinastia Shang, o museu é para se aproveitar aos poucos e em um dia com muita energia.
A lojinha do museu também vale muito a pena, compramos lenços de seda e objetos com desconto e de alta qualidade. Sabemos que lojas de museu não são baratas, mas essa se diferencia pela qualidade dos produtos. Há boxes de compras ao longo dos andares, mas a maior está no térreo.
Se estiver cansado, há uma casa de chá no terceiro andar, para uma pausa e matar a fome. Depois é só apreciar as belezas do museu, os lindos e delicados vasos de cerâmica, de cobre, jade e a famosa porcelana chinesa.
Dicas práticas:
Localização : 201 Renmin Ave, RenMin GuangChang, Huangpu Qu.
Horário: das 09h às 17h
Preço: Grátis.
O Bund e sua vista para o Pudong
O Bund (Zhongshan Lu) é a avenida da beira do Rio Huangpu, principal rio da cidade, e todos querem se hospedar próximo dali, onde estão os melhores hotéis da cidade. Foi totalmente reformulada para 2010, com jardinagem cuidada, longos e largos passeios de pedestre.
Em Xangai se pode sentir o ritmo da metrópole, caminhar no Bund, um passeio de pedestres de 1,5km de extensão, é como estar em qualquer grande cidade do mundo. Tropeçar em starbucks e adidas, enfrentar uma multidão ofuscada pelos neons.
Em Suzhou, o comércio também espantava com suas luzes, mas elas eram quase encobertas pela fumaça da comida de rua. Xangai é mais elegante.
E tem uma das vistas mais inesquecíveis da vida: o Pudong no final da tarde.
Chegamos exatamente nesse horário e tudo é feito para impressionar. Há uma pequena elevação que não nos permite ver de a baía de Pudong e seus arranha-céus. Xangai faz jus a seu nome aí: “acima do mar”.
Apenas ao subir as escadas somos capturados pela vista de arrancar o fôlego.
E quando vai anoitecendo e as luzes começam a surgir, vem o contentamento pela nova Xangai desvelada. Em antigos tons de bege (quem diria que poluição poderia dar algum tom agradável aos olhos), o Pudong agora é agressivo, forte, azul royal.
Mas não é apenas a vista dos majestosos edifícios do Pudong que impressiona. O contrastre entre o Pudong e os edifícios dos anos 20 a 40 em frente ao passeio do Bund é de prender a respiração de qualquer entusiasta de arquitetura.
Entre os prédios há aqueles mais famosos, como do luxuoso hotel Peace, de 1930, o Banco da China, de 1920 e o Banco de desenvolvimento de Pudong, de 1921, com a enorme cúpula.
Wei Hiu, Xangai Baby
“De pé no telhado, ficamos olhando as silhuetas dos prédios iluminados pelas luzes das ruas de ambos os lados do rio Huangpu, em especial para a torre de TV Pérola Oriental, a mais alta da Ásia. Sua comprida, comprida coluna de aço perfura o céu, a prova da adoração fálica da cidade. As barcas, as ondas, a grama escurecida pela noite, as estonteantes luzes de néon e as incríveis estruturas – todos esses sinais de prosperidade material são afrodisíacos que a cidade utiliza para se embriagar. Eles nada têm haver com a gente, as pessoas em vivem em seu meio. Um acidente de carro ou uma doença pode nos matar, mas a próspera e invencível silhueta da cidade é como um planeta, em movimento perpétuo, eterno.
Quando penso nisso, sinto-me tão insignificante como uma formiga.”
Nanjing Road
Saindo do Bund, a pedida é entrar na turba enfurecida de compradores da Nanjing Road, uma longa avenida de pedestres que tem a maior Apple que já vi na vida. Em Xangai há mais bares e restaurantes com comida ocidental do que em Pequim. Ficamos observando a multidão antes de seguir o fluxo da boemia.
E para terminar uma noite boêmia, qual a melhor opção?
Ir a uma casa de Jazz
Xangai parece querer guardar um pouco da áurea dos anos 30/40, quando o Bund foi construído. E parte dessa áurea está na vida noturna, em suas casas de shows, espetáculos e teatros.
Fomos ao Jazz da House Of Blues & Jazz e foi sensacional.
O público era praticamente de estrangeiros, os músicos também, e quase me senti como os pais do personagem Jim, de “O império do Sol”, antes da 2ª Geurra Mundial, de antes da segunda grande guerra ou May, correndo Xangai a bordo de um Riquechá em 1937, com seu vestido justo de seda.
Atravessamos uma ponte sobre Soochow Creek e depois viramos à direita, afastando-nos do Rio Whangpoo e seu cheiro azedo de óleo, algas, carvão e esgoto. Eu amo Xangai. Não é como outros lugares na China. Em vez de telhados de rabo de andorinha e ladrilhos, nós temos “mo t’ien talou” – mágicos prédios altos – que se erguem em direção ao céu. Em vez de portões em forma de lua, telas contra fantasmas, janelas rebuscadas e colunas laqueadas de vermelho, temos prédios neoclássicos de granito decorados com ferro batico art déco, desenhos geométricos e vidro entalhado. Em vez de bosques de bambu enfeitando riachos ou salgueiros mergulhando seus galhos em lagos, temos mansões européias com fachadas lisas, sacadas elegantes, fileiras de ciprestes e gramados cercados de canteiros de flores. A cidade antiga ainda tem templos e jardins, mas o resto de Xangai se ajoelha diante dos deuses do comércio, da riqueza, da indústria e do pecado.
Lisa See, Garotas de Xangai
Dicas práticas
Endereço: 60 Fuzhou Rd, WaiTan, Huangpu Qu
Horário: Terça aos domingos, a partir das 18h
Preço: Apenas consumação.
Jardim Yu e bazar
Para lembrar que Xangai não é só riqueza, indústria e pecado, vamos até a parte antiga cidade no segundo dia.
Já recuperados do som da noite anterior, nada melhor que passear no Jardim Yu e bairro Bazar, de 1600. Para quem já passou por Suzhou, o jardim pode ser bem decepcionante, mas não o seu entorno. São milhares de lojas com o melhor da quinquilharia chinesa.
Canecas, lenços, bolsas, jogos de sushi, artigos para casa, antiguidades, chaveiros, de tudo um pouco e com bons preços (em comparação com o Brasil, em termos chineses certamente há lugares mais baratos e menos turísticos). Até para os menos consumistas é difícil não encontrar algo que te agrade. O costume chinês pede que pechinche um pouco (ou muito), mas as lojas de preço fixo são as minhas preferidas sempre. E lá tem.
O que não significa que não se possa pedir um desconto ao levar mais de uma peça. Eu pedi e conquistei.
O Jardim Yu está no centro do Bazar, então para chegar até lá deve-se vencer uma quantidade enorme de lojas e becos, sorte que a sinalização em inglês ajuda. A arquitetura do local foi que mais me impressionou.
Embora não seja original da época em que foi construído, impressiona pelos detalhes, pela beleza das suas sacadas e pela uniformidade. São ruas e ruas com estruturas de madeira escura e detalhes vermelhos. A fila amedontra, mas é rápida.
Dicas práticas
Localização: 218 Anren St, Huangpu Qu
Horário: 08h30 às 17h
Preço: 40 Huans
Shanghai Natural History Museum e Parque das Esculturas
Conhecemos o Parque das esculturas porque nos hospedamos próximo e o jardim ficava no caminho para o metrô, mas recomendo mesmo para quem está mais distante.
O Parque das esculturas que está em frente ao Museu de História Natural de Shangai é um lugar de paz e arte, com jardinagem excepcional, onde vi a maior quantidade de tulipas na vida (não conheço o Keukenhof em Amsterdã, é claro :))
Além das flores, que seriam motivos suficientes, temos esculturas de artistas do mundo todo, muitas lindíssimas. Se quiser fugir um pouco da confusão de Xangai, encontrar beleza e tranquilidade, esse é o lugar. Não entramos no museu, mas minhas irmãs disseram ser uma ótima pedida para crianças
Joy City Mall, um paraíso de compras de Xangai
Vou falar de algo que foge totalmente de meus roteiros de viagem: Shoppings. Não tenho nada contra eles, mas frequento muito pouco em minha cidade, quem dirá em um roteiro de viagem. Mas, como quase tudo, na China foi diferente.
O esposo estava procurando uma loja da Xaomi, uma das gigantes chinesas de informática e apenas nesse shopping Joy City Mall havia uma loja. Para minha surpresa, que agradável foi a visita! Primeiro porque, no terraço do shopping há uma enorme roda gigante. Sim! Uma colorida e iluminada roda gigante com vista para Xangai.
No corredor em frente a essa roda gigante, haviam diversos restaurantes, com pratos ocidentais e tradicionais, todos bonitos e charmosos. Dentro do shopping tem lojas de todos os tipos, eletrônica, roupa, maquiagem chinesa que imita a MAC (lá é HAC rsrs) cervejarias e restaurantes. Os preços são mais convidativos que no Brasil e, aparentemente, não haviam falsificações.
A China definitivamente nos tira do lugar. Me fez, pela primeira vez na vida, indicar um shopping como ponto de visita. Pois é, tenho que concordar: Uma viagem à China muda nossa perspectiva… Ainda bem!
Dicas práticas:
Shopping Joy City localização: 166 Xizang N Rd, Zhabei Qu (o metrô deixa praticamente dentro do shopping).
Horário: 10h às 22h todos os dias.
Onde ficar em Xangai
Em Xangai nos hospedamos no Hotel Campanile, bem perto do Museu de História Natural, do Metrô e com ótimo restaurante. Recomendamos.
Nossa reserva foi feita pelo booking e, como sempre, deu super certo!
Quer conhecer mais sobre a China? Temos alguns posts que podem te interessar.
5 Comentários
Aline Kamiji
14 de março de 2019 em 16:44Muito obrigada pelo post viu! Amei demais e achei o roteiro super bem conciso.
Já anotei tudo 0/
viagensinvisiveis
14 de março de 2019 em 16:47Que legal! Aproveite a China, é realmente um lugar especial! Bjs
Juliana Guterres
5 de abril de 2019 em 19:54Boa noite.
Você sabe me dizer se essa loja te informática vendia peças para computador. Tem site? Qual o nome da loja?!
Obrigada
viagensinvisiveis
17 de abril de 2019 em 09:04Olá Juliana, não tem. A loja parece uma apple, só vende os produtos da XAOMI, como celulares e computadores já montados. O nome é esse mesmo XAOMI. Abs
Diversão em Nova Orleans. Lugares para ser feliz - Viagens Invisíveis
25 de agosto de 2019 em 22:06[…] em algumas cidades boêmias na vida, talvez não como Nova Orleans, mas conhecemos bares de jazz em Xangai e em São Petersburgo. Em Salvador, o Jazz no Mam é pedida […]