Passamos dois dias em Jodhpur, nesse post um roteiro que inclui atrações menos visitadas e imperdíveis
A cidade de Jodhpur é uma das principais atrações do turismo do Rajastão, o estado mais visitado da Índia. E a fortaleza de Mehrangarh está para Jodhpur como a Abadia está para Melk na Áustria. As duas são atrações tão espantosas que dominam o turismo da região, é muito difícil ver um roteiro que não incluia Jodhpur. Muitos se contentam em visitar o patrimônio da humanidade em um dia ou em um bate e volta. E a cidade e suas outras riquezas ficam de lado…
Não cometi esse erro, não me contento com pouco 😊
Passamos dois dias em Jodhpur, com direito a caminhadas sem destino e encontros inusitados. Uma piscina de Marajá em pleno centro, um jardim desconhecido dos turistas, uma noite de réveillon com uma família indiana…
Neste post as principais atrações que conhecemos para um roteirinho redondo de dois dias em Jodhpur.
A fortaleza Mehrangarh
O forte Mehrangarh é a principal atração de Jodhpur e paira no alto de uma montanha, visível de qualquer lugar da cidade. Imponente, praticamente intransponível pelos invasores, principalmente pelo marajá de Jaipur, o grande rival de Jodhpur, o Mehrangarh é uma mistura de Castelo, Forte e Palácio. Falei bastante dele no post sobre os Castelos do Rajastão.
É uma visita obrigatória e recomendo que seja a primeira coisa que se faça ao se visitar Jodhpur. E é atrativo para um turno inteiro, então reservar a manhã e entrar logo na abertura é minha dica. Fica mais fácil subir essa enorme inclinação sem o cansaço de um dia de passeio. Além disso, pela manhã, o forte não está tão lotado de turistas.
Após o passeio há uma lanchonete na saída do Forte que vende lanches ocidentais bem apetitosos, vale a pena comer algo para continuar a jornada. Afinal, os dois dias em Jodhpur só estão começando.
Valor da entrada: 600 rúpias, cerca de R$30,00, Idosos e estudantes 500 rúpias.
Horários: Todos os dias, das 9h às 17h
Duração da visita: Um turno inteiro.
Jaswan Thada
Do alto do Mehrangarh fort vemos o pequeno mausoléu de Jaswan Thada. Está a uma média distância do Forte Mehrangarh até uma das maiores belezas de toda Índia.
Fizemos essas duas atrações em dias diferentes, mas recomendo que seja feito logo em seguida ao Forte. Ao contrário do Mehrangarh, o Jaswan não requer muitas caminhadas, é pequeno e adorável, com muitas sombras e bancos, perfeito para descansar e apreciar a vista.
Jaswant Thada é um mausoléu construído pelo marajá Sardar Singh para guardar os restos mortais do seu pai, o marajá Jaswant Singh II (1978/1895) e de seus familiares. Todo em mármore branco, como costume da época, está à beira de um lago e é rodeado por um jardim, imerso na beleza de rosas vermelhas que não tentam competir com seu encanto.
É um prédio único, com um ambiente interno que possui um templo de orações e lindas colunas que, com a luz do sol, parecem se cobrir de dourado.
O jardim ao fundo contém os túmulos e a vista mais espetacular do Mehrangarh fort. É considerado um lugar sagrado por muitos indianos, que fazem suas preces no pequeno templo.
Valor da entrada: 50 rúpias, cerca de R$2,50.
Horários: Todos os dias, das 9h às 17h
Duração da visita: 1h/1h30min
A Piscina do Marajá – Toorji Ka Jhalra
Em una caminhada descompromissada, na primeira noite de um dos dois dias em Jodhpur, paramos na piscina do Marajá Toorji Ka Jhalra. Ficamos impressionados! A profundidade, as luzes que davam àquele monumento improvável ares fantasmagóricos. A cor da água transparecia um cenário surreal.
A primeira impressão nos marcou profundamente. Tanto que retornamos outras três vezes, as últimas duas para o Step Well café. Logo em frente à piscina está o café em estilo moderno, industrial, com cardápio ocidental, cerveja e vinhos (algo raro aqui na Índia). E o principal: uma vista imperdível!
O Toorji Ka Jhalra foi construído pela Maharani ou Marani em 1740 e faz parte de uma tradição indiana de construir poços públicos utilizados por toda população para guarda e coleta de água. Essa piscina foi drenada e restaurada, quando muitos desenhos e esculturas esculpidos no arenito vermelho foram revelados. Hoje se encontra muito bem iluminada, com água transparente e que faz a festa das crianças locais. E um deleite para turistas desavisados como nós 🙂
Pertinho do Toorji estão dois restaurantes. O Stepwell e o Jhankar Choti-Haveli, pode ser o momento da pausa para o almoço.
Valor da entrada: grátis.
Horários: 24h
Duração da visita: O tempo que o encantamento durar.
Mercado de Sardar e a Torre do Relógio
O chamado Mercado de Sardar ou Sardar Market, na verdade é uma grande feira a céu aberto no centro histórico de Jodhpur. De alimentos a temperos, sedas e tapetes, se encontra de tudo nas lojas e barracas do Sardar Market. Compramos chai no MV Spices e lenços de seda na loja ao lado. No MV Spices existe todo o tipo de temperos indianos e, ao se comprar lá, eles pedem o seu e-mail e enviam um livro de receitas. Nós fazemos o chai em casa e viciamos com a receita que recebemos. Uma delícia!
Na mesma praça em que está o portal do mercado, está também o relógio Inglês de 1912.
Embaixo do relógio, nas suas laterais, está o restaurante Shri Mishrilal Hotel, que serve o Lassi mais famoso da cidade. Nós provamos o Lassi, uma bebida fermentada que parece um iogurte doce com cocada e estava maravilhoso.
Essa sobremesa custou 70 rúpias, cerca de 3,50 e é uma dica imperdível de Jodhpur.
Valor da entrada: grátis.
Horários: 7h às 18h todos os dias
Duração da visita: O tempo que o bolso aguentar.
Mandore, o jardim de Jodhpur
Se tiver tempo na cidade e gostar de um turismo mais alternativo, com muitos indianos e poucos estrangeiros, vale a pena conhecer a cidade antiga de Mandore, que por estar tão perto, parece o jardim de Jodhpur.
À primeira vista, esse jardim assusta. Ao longo da ampla esplanada que leva até os monumentos principais, uma fila de mendigos, dispostos a 2metros de distância um do outro. Os macacos disputam o espaço com os mendigos em uma cena que se fosse filme, não acreditaríamos.
No século VI DC, Mandore era a sede principal dos Pratiharas de Mandavyapura, que abandonaram a cidade em 1459, após ter sido a capital de vários reis de Jodhpur. O Poder político foi transferido para o Forte Mehrangarh por razões estratégicas e de segurança. Da antiga cidade, restaram apenas os jardins com seus templos, memoriais e terraços de pedra magníficos.
Ao chegar na parte dos cenotáfios é que vemos o motivo de incluir tal jardim em qualquer roteiro de viagem. Os cenotáfios remontam aos séculos 17 e 18, e são um conjunto de edifícios de arenito vermelho com entalhes intrincados, pilares, altos pináculos, corredores elaborados e enfeites esculturais. Como são locais sagrados, deve-se tirar os sapatos para entrar.
Uma galeria de pequenos edifícios em cor de arenito muito fotogênicos. As placas contam a história de quem foi enterrado no local.
Macacos passam entre eles com desenvoltura procurando restos de comida. Jodhpur é mais suja do que Udaipur, a pobreza está mais presente. Na visita ao jardim percebemos um pouco de abandono, com alguma sujeira no rio que o corta, mas ainda assim é um local encantador.
Os turistas ficam mais concentrados no forte, no Umaid Palace e no Jaswan Tada, conhecer um lugar como o jardim é praticamente ser o único ocidente do local. Muitos nos diziam que os indianos gostam de tirar fotos com os estrangeiros, nós tivemos poucos pedidos. A pele escura, o nariz do marido disfarçavam um pouco nosso estrangeirismo. Mas no jardim não teve jeito, lá éramos a principal atração.
Ao final do jardim, há um museu e um portal que dava para o antigo Janana Palace, hoje não mais existente. Vale apenas pelo passeio externo, o museu era tão ruim que intitulamos do “pior museu do mundo”. Era tão tosco, quem nem lembro de que se tratava.
Valor da entrada: 50 rúpias, cerca de R$2,50.
Horários: 9h às 22h todos os dias
Duração da visita: 2h/2h30min
Umaid Bhavan Palace
O Palácio de Umaid Bhavan geralmente está entre os principais atrativos de Jodhpur e todos que ficarem mais de um dia na cidade provavelmente passarão por ele. Se trata de um imenso palácio, hoje hotel de luxo, construído em arenito rosa e mármore. Foi construído pelo Marajá Umaid Singh e possui 347 quartos, teatros, salões de jantar e baile e outros tantos lugares que não são acessíveis aos meros turistas como nós 🙁
A única maneira de conhecer por completo seria dormindo lá, como não estava em nossas condições, nos limitamos à visita do museu, que conta um pouco da história do marajá e sua riqueza.
A parte que mais gostei foram os cômodos, em que toda a opulência dos marajás é vista, o que fica ainda mais impressionante quando sabemos que o neto do marajá, Gaj Sigh ainda vive em parte do palácio. Fora dos ambientes de residência o espaço é mais austero, com a decoração nos intrincados detalhes do arenito.
No final da visita, na parte exterior está a impressionante coleção de carros Rolls-Royce da família real, nos lembrando que somos meros mortais e que nunca teremos acesso a tanta riqueza.
Valor da entrada: 50 rúpias, cerca de R$2,50.
Horários: 9h às 17h todos os dias
Duração da visita: 1h/2h
O bairro azul de Jodhpur
Nossa hospedagem em Jodhpur foi em uma residência familiar Bhavyam Heritage Guest House, que fica ao lado do bairro azul, que dá o apelido da cidade de Jodhpur. É um bairro residencial, com pouco comércio, mas muito fotogênico e agradável. Talvez algum morador fique espantado em lhe ver apenas batendo perna e queira ajudar, achando que está perdido.
Isso porque vimos pouquíssimos turistas no local, o que contribuiu para a impressão de que estávamos desbravando a cidade de Jodhpur.
Vale a pena se perder entre as ruelas, descolar umas fotos inusitadas para o instagram ou se perguntar o motivo de tanta harmonia azul…
Valor da entrada: grátis.
Horários: liberado
Duração da visita: 1h
Onde comer em Jodhpur
Nosso restaurante favorito em Jodhpur não foi indiano e não porque não gostássemos da comida indiana (eu fiquei verdadeiramente apaixonada, como contei nesse post). O Stepwell nos conquistou porque ficava em frente ao nosso lugar favorito na cidade – a piscina da maharani. O fato de vender bebidas alcoólicas – algo não tão comum na Índia – também contou pontos, afinal não somos de ferro 🙂
O cardápio é ocidental, com algumas pitadas de comida indiana e funciona do café da manhã às 00h todos os dias, com horários mais concorridos no por do sol.
Também comemos no restaurante Jhankar Choti-Haveli, que é mais tradicional e barato do que o Stepwell café. Com comida indiana saborosa, mas um pouco apimentada, fica na mesma rua do Stepwell café, em direção ao centro da cidade.
Como a maioria dos restaurantes indianos, o Jhankar Choti é vegetariano, ou seja, nada de comer os amiguinhos.
Onde se hospedar em Jodhpur
Nosso orçamento para a Índia não fugiu dos padrões. Mesmo sendo um país mais barato do que estamos acostumados a gastar no Ocidente, continuamos nos hospedando no mesmo tipo de hotel – uma pousada familiar. Para nós é sempre a melhor escolha, pois podemos, além de estar bem hospedados com conforto e segurança, mergulhar nos costumes locais.
Não raro, acabamos nos aproximando e conhecendo os donos da pousada, mas em Jodhpur o encontro foi ainda mais pessoal. Logo na chegada, após preencher a ficha de admissão, nos levaram para ver o por do sol no terraço e conhecer o ancião da família, que pediu para ser fotografado ♥
No dia seguinte, a proprietária nos convidou para passar a noite de Réveillon junto à família deles no restaurante que fica no terraço da pousada. Como não haveria álcool, fomos ao Stepwell café e brindamos com vinho até próximo da meia noite, quando voltamos à pousada. Havia um clima de festa, o terraço estava todo enfeitado e cheio de crianças. Muita música, animação, refrigerante e chai.
Um réveillon inesquecível!
Dois dias em Jodhpur foi uma escolha acertada, já que é uma das cidades mais fantásticas que conhecemos na Índia. O Rajastão é um destino imperdível na Índia, quer conhecer mais sobre essa parte da Índia? Temos posts aqui.
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