Fomos à procura de diversão em Nova Orleans, especialmente para ouvir um bom jazz. Mas a cidade nos surpreendeu! Nola é a cidade mais divertida dos EUA.
Afinal uma cidade que reúne ótima música e bares, excelentes restaurantes e uma vida comunitária só pode te deixar animado, não? Neste post contamos nosso lugares para ouvir música, caminhar e ser feliz!
Diversão em New Orleans durante o dia
French Quarter
New Orleans acorda no final da tarde e início da noite, como toda boa boêmia. E depois de alguns copos, de preferência. O French Quarter é o coração da diversão em Nova Orleans, ainda que outros bairros também tenham nos agradado, como o Garden District e East Riverside.
Com toda a boemia noturna, durante o dia também é possível se divertir. Na Royal Street, a partir das 10h da manhã, já é possível ouvir alguns grupos de jazz tocando na rua.
Ainda na Royal Street há o bar Café Beignet House, melhor opção para o fim de tarde. Passamos diversas vezes por aqui e sempre parávamos, para tomar um chope, sentar um pouco ou até ouvir rapidamente o que estava tocando. É a céu aberto e tem beignets famosos na cidade, beignets são pães fritos açucarados.
Pertinho da Royal, está a Chartres Street, com a prefeitura (Cabildo) e uma série de edifícios históricos muito bem conservados. Lá também há música logo no meio da manhã, muito artesanato e artistas de rua.
A principal praça de Nova Orleans, a Jackson Square, está em frente à imponente Catedral de São Luiz, de 1851. É a igreja católica mais antiga ainda em funcionamento nos Estados Unidos. Anteriormente em madeira, foi consumida por um dos muitos incêndios da cidade, em 1788.
Nova Orleans parece a personagem que passa por todas as catástrofes da vida para, ao final, no dia em que te encontrar, ressurgir bela e animada, sem qualquer rancor ou desilusão. Dois grandes incêndios, tempestades tropicais e o furacão Katrina, que quase varreu a cidade para um mundo de escombros e fantasmas. Mais de 1 milhão de pessoas deixaram a cidade.
Ainda assim, ai está Nova Orleans, o melhor refugio para adultos boêmios e adolescentes sem limites, um abrigo para artistas em formação e famosos em retiro.
Caso as 10 da manhã já esteja com medo dos excessos, vale entrar na catedral de São Luís, bonita, mas simples, com seis vitrais que contam a vida do santo e um bonito teto decorado.
Em frente à catedral, na Jackson Square há um jardim muito bonito e bem cuidado, com uma grande fonte, que faz a alegria das crianças. O nome vem de Andrew Jackson e é a primeira estátua equestre dos Estados Unidos. Percebem que Nova Orleans inovou em muita coisa nesse país enorme?
Andrew Jackson foi um general americano que lutou para a libertação da Louisiana dos ingleses em 1812, considerado herói, chegou a ser presidente dos Estados Unidos em 1829.
Mais um pouco à frente está o rio Mississipi, o grande rio que é contado e recontando em grandes canções e poemas. Ao lado, o famoso Café du Monde, com os beignets mais famosos da cidade e sempre lotado!
Na verdade, o Mississipi é um corpo d’água traiçoeiro e sinistros cujos redemoinhos e correntezas reivindicam anualmente muitas vidas. Nunca soube de ninguém que se aventurasse a meter o dedo do pé em suas poluídas águas marrons, fervilhantes de descargas de esgoto, dejetos industriais e inceticidas letais. Até os peixes estão morrendo. Portanto, o MIssissipi como Pai-Deus-Moisés-Paizinho-Falo-Papai é um tema completamente falso, ao qual deu início, imagino, aquele sombrio impostor, Mark Twain.
John Kennedy Toole, Uma confraria de tolos.
Como não conseguimos uma mesa, fomos para o French Market tomar o primeiro chope do dia e apreciar o movimento do French Quartier, que ao meio dia, já dá sinais de vida.
Ainda no French Quartier está a rua mais animada da cidade, a Bourbon Street. Quando a tarde se estende, ou nos finais de semana ainda mais cedo, já há uma movimentação de grupos animados, os bares aumentam o som e alguns blocos de carnaval aparecem, de surpresa, em uma esquina.
Não é preciso muita sorte, basta aparecer na Bourbon e aguardar, a festa simplesmente acontece.
Parque Louis Armstrong
O parque Louis Armstrong é uma boa opção para passear ao ar livre e curar a ressaca.
Como o nome enuncia, o parque é inteiro dedicado às lendas do jazz que nasceram na cidade. Louis Armstrong é o mais conhecido e célebre músico local. Cantor e trompetista, teve uma vida de altos e baixos, como Nova Orleans, mas deixou seu nome para a posteridade da música.
O parque não é dedicado apenas ao seu maior expoente. Vários outros músicos importantes da cidade estão lá, como Charles “Buddy” Bolden, considerado o criador do estilo livre no jazz.
A escultura de Buddy Bolder nos deixa uma brecha da potência musical desse cornetista, cuja virtuosidade fazia parecer ser muitos, muitos outros tocando ao mesmo tempo. Hoje praticamente esquecido, Buddy Bolder foi retratado em um filme de Wynton Marsalis lançado em 3 de maio de 2019 nos EUA, mas ainda sem previsão de vir para o Brasil.
Diversão em Nova Orleans durante a noite
Bourbon Street
The Preservation hall é o lugar mais famoso da cidade para se ouvir boa e tradicional música de Nova Orleans. Fundado em 1961, fica na Peter Street e tem shows todo os dias às 17h, 18h, 20h, 21h e 22h, o ingresso custa U$ 20,00 e há que se suportar a fila enorme na porta.
Todos os blogs em que pesquisei se desmanchavam em elogios à casa. Os músicos são realmente espetaculares e o clima de lugar pequeno e reservado contribui.
Quase não há os “muito jovens”, o que também acrescenta sofisticação. Os jovens são permitidos, pois a casa não vende bebidas alcoólicas, mas talvez o clima do lugar não interesse.
O Preservation Hall é indispensável, mas têm alguns defeitos: a maior parte da platéia fica em lugares pouco confortáveis, a não ser que se pague mais pelo ingresso. Nós sentamos no chão e o incômodo da posição por 1h acabou ofuscando o encantamento.
Outro ponto negativo para quem não é fluente em inglês: os músicos conversam bastante, o que quebra um pouco o ritmo do show, especialmente para quem não é fluente (ou mesmo fluente, mas que não entenda as piadas).
Com todos esses pontos, quando estão tocando, esquecemos do mundo. Da posição incômoda de sentar no chão, da falta de bebidas, do ponteiro do relógio… O show passa rápido e é uma boa opção para emendar a noite em outro bar, mais profano.
Nosso favorito foi o Maison Bourbon, um dos mais conhecidos por ficar na rua de mesmo nome, a rua da bagunça em Nova Orleans. Sempre cheio, fomos em um dia de muito frio e adoramos.
No palco uma espécie de cover de Louis Armstrong, mas com repertório diverso, totalmente focado em blues e jazz. A banda é muito animada e quase não há intervalos. Não aceita jovens (abaixo de 21 anos) e não tem couvert.
Decatur Street
O B.B. King’s Blues Club está na Decatur Street, em uma das ruas mais charmosas de Nola, cheia de lojas e restaurantes bacanas está essa casa.
Eles aceitam adolescentes, mas ficam tão tensos com a possibilidade do mesmo beber, que dá pra ver nos olhos das garçonetes. O repertório é eclético, tem dance music, anos 70, foxtrot a até jazz. A dica foi do Fragata Surprise.
Frenchmen Street
A Frenchmen Street, menos famosa do que a Bourbon Street, é um carnaval só. Uma multidão caminhando na rua com músicos surgindo das esquinas, pareciam desavisados que estávamos em janeiro. Por um momento pousei em Salvador, mas os metais tocavam outro ritmo.
Ao invés de fantasias, colares coloridos passavam de mãos em mãos.
A Frenchmen Street tem muitas opções, mas apenas o Nola Cantina aceitava adolescentes. Com pedidos de “id” severamente cobrados na porta. Normalmente funciona assim: se é bar e vende bebida alcoólica só com mais de 21 anos, mesmo acompanhado dos pais.
Alguns que são bares e restaurantes aceitam menores, mas com desconfiança e vigilância. O Nola Cantina aceita e também tem jazz ao vivo à noite, sem couvert.
Na Frenchmen Street há uma feira de artesanato, Frenchmen Art Market que vai até altas horas da noite e tem muitas peças interessantes.
Para quem tem um senso estético muito higiênico, gosta de tudo limpinho e arrumado, se incomoda com um pouco de libertinagem e bebedeira, talvez Nova Orleans não seja a cidade ideal.
Sim, vimos hordas de adolescentes meio malucos na rua, bloquinhos de carnaval em plena sexta pela manhã e muita gente bêbada no início da noite e madrugada. Também vimos descontração, alegria, receptividade e respeito a todos que ali estavam.
É como se Nova Orleans nos dissesse a todo momento: Seja assim, te aceito e respeito. E isso é muito bonito, não?
Estivemos em algumas cidades boêmias na vida, talvez não como Nova Orleans, mas conhecemos bares de jazz em Xangai e em São Petersburgo. Em Salvador, o Jazz no Mam é pedida imperdível.
1 Comentário
Nova Orleans além do French Quartier - Viagens Invisíveis
30 de dezembro de 2019 em 12:01[…] certo, o French Quartier tem seus encantos, contei mais sobre eles nesse post. Contudo, em outros bairros e ruas uma vida pulsa, especialmente entre moradores mais jovens e com a […]