Estudamos, quase todos, os grandes feitos dos navegadores portugueses e suas muitas frustradas tentativas de se chegar à Índia, como o coiote lutando para por as patas no papa-léguas. Uma busca como esta pode deixar o viajante alienado do belíssimo mundo que se descortina ao seu redor. Ao domar o “Cabo das Tormentas”, talvez devessem ficar mais um tempinho por ali e apreciar o visual.
E é mais pelo visual e por bichinhos fofos, que vale a pena fazer o passeio pelo Cabo da Boa Esperança. Normalmente dura um turno e pode ser combinado com Groot Constantia ou com um Camps Bay (ambas no caminho). Também um ótimo passeio para se fazer com carro alugado (a estrada, embora estreita e bem movimentada, me pareceu segura)
O transfer iniciou em Camps Bay, logo após a agência nos buscar no hotel. Ponto negativo: atraso enorme para nos pegar e ainda maior pela espera de outros passageiros. Uma excelente opção seria pedir que o transfer nos pegasse em Camps Bay, pois assim poderíamos aproveitar o clima de praia e descontração, enquanto a agência buscava os outros passageiros.
Com a visão dos doze apóstolos, nome deste recorte de arenito que forma as 12 curvas de montanha, está o mar de Camps Bay (qualquer semelhança com o Rio de Janeiro é mera coincidência – a propósito, a água é ainda mais gelada).
Paramos em uma espécie de estacionamento para esperar os passageiros atrasados em um dos bancos posicionados em frente à praia.
O caminho é todo lindíssimo, com muita montanha e mar, despenhadeiros de tirar o fôlego.
Margeando a costa, com direito a adentrar em uma ponte construída no meio da montanha, está a chamada Chapman’s Peak Drive, uma estrada que levou sete anos para ser construída.
Praias que parecem desconhecer a presença humana.
O Cabo da Boa Esperança faz parte do Parque Nacional da Table Mountain e o ingresso para compra individual (quem vai por conta própria) custa 90rands (R$21,00). Ao chegar no parque encontramos logo um babuíno, espécie de macaco muito comum na região e que iríamos encontrar com frequência durante a viagem.
São muito agressivos e fomos orientados a fechar as janelas do carro, pois eles podem pular dentro do veículo para tentar pegar comida. Este parecia bem pacato, descansando em cima de um dos veículos estacionados no Parque.
O local de maior interesse do parque, o Cape Point, possui dois restaurantes, um parecido com uma loja de conveniência, onde comemos uma pizza bem saborosa, e outro elegante chamado Two Oceans de frutos do mar.
Há duas formas de se chegar no ponto mais ao sul do continente africano: de funicular (cerca de R$8,00) ou subindo a pé uma trilha ao lado, de dificuldade média.
A subida pela trilha compensa pela bela vegetação e mirante deslumbrante
Ao sair de Cape Point, a próxima parada é no Cabo da Boa Esperança, onde reside uma quantidade ainda maior de babuínos, avestruzes e diversos tipos de aves.
Coceira ao ar livre
Basicamente o que encontramos no Cabo da Boa Esperança: um marco em uma praia repleta de rochas.
O retorno rende mais paisagens de estalar os olhos – Monumento a Bartolomeu Dias em Dias Beach.
E o último encontro do dia: Boulders Beach, a praia dos pinguins.
Pode-se acessar pelo parque de proteção (R$10,00) ou à direita, por este caminho de madeira (grátis) margeando a praia.
E olha eles ali se refastelando na água gelada. Muitas pessoas entram pelo parque porque se pode nadar com os pinguins, pelo menos os que tem pele de jacaré 😉
O pinguim é um bicho-família, cuida de seus filhotes e de sua companheira, a quem é fiel durante toda a vida.
E depois de conhecer estes fofuchos, agradeci às forças da natureza, por agir para que os navegantes portugueses não firmassem pouso por aqui, o que, pelo relato de Álvaro Velho, fez um bem enorme à reprodução destes bichinhos.
“E neste Ilhéu há umas aves, que são tamanhas como patos e não voam, porque não tem penas nas asas, e chamam-lhes fortilicaios, e matamos delas quanto quisemos; as quais aves zurram como asnos”. Álvaro Velho, navegador português narrando a primeira viagem de Vasco da Gama in Alberto da Costa e Silva, Imagens da África.
2 Comentários
Boia Paulista
23 de maio de 2013 em 03:10Oi, Nivia. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia
Nivia Guirra Santana
26 de maio de 2013 em 13:53Obrigada Natalie!!! Sempre um orgulho participar da Viajosfera.