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A rota do Chianti na Toscana, Itália

Vista dos parrerais da Castelo di Ama, rota do Chianti, Itália

Um giro pelo interior da Toscana, começando pela rota do Chianti nas cidades de Greve in Chianti, Gaiole in Chianti, Poggibonsi e Castellina in Chianti.

No caminho entre uma cidade e outra, fomos parando em vinícolas para almoçar, fazer as provas ou apenas nos deleitar com a paisagem. Uma viagem calma, sem agenda rígida, bem ao estilo italiano do “dolce far niente”, como os pinheiros que nos pajearam durante o caminho.

Uma viagem ideal para fazer com amigos, Rota dos Vinhos de Chianti, Itália
Uma viagem ideal para fazer com amigos, Rota dos Vinhos de Chianti, Itália

Como diz o nome, a rota do Chianti se desenvolve por vinhedos de sangiovese, plantados na região de Chianti.

O Chianti original possuía uma enorme quantidade (80% no mínimo) de sangiovese e algumas outras cepas autóctones como Canaiolo e originalmente a Malvasia, uva branca que foi proibida na composição em 2006.

Hoje somente é permitido o uso de uvas tintas e algumas uvas de origem francesa foram incorporadas à produção, em pequena quantidade.

Habemus Chianti, Rota do Chianti, Itália
Habemus Chianti, Rota do Chianti, Itália

A região de Chianti não é pequena, possui aproximadamente 70 mil hectares e 7.136 vinhedos. Para organizar e controlar a produção de vinhos, na Itália há quatro tipos de certificação.

Elas garantem a origem dos vinhos e sua forma de criação: VdT que seria o vinho de mesa ou “vino da Tavola”. DOC – Denominação de origem controlada que garante que o vinho foi feito com específicas uvas de terroir delimitado. DOCG – Denominação de origem controlada e garantida, que certificaria a qualidade e origem dos melhores vinhos.

Tulipas na Itália, Chianti
Tulipas na Itália, Chianti

Mas onde abrigar os chamados Supertoscanos? Os vinhos que passaram a ser produzidos nessa região incorporando uvas de outras regiões, como as famosas Cabernet Sauvignon e Merlot? Para eles temos o IGT – Indicação geográfica típica.

A vista da produção da vinícola Castello di Brolio, Rota do Chianti
A vista da produção da vinícola Castello di Brolio, Rota do Chianti

Nessa rota do Chianti tivemos o prazer de provar vários DOCG e nos surpreender com alguns IGT.

Rota do Chianti

A região de Chianti tem como cidades famosas Greve, Radda, Gaiole e Castellina in Chianti, todas cercadas por outras cidades ou vilarejos menores. No primeiro dia de viagem fizemos esse roteiro pela SR222 de Florença até a nossa hospedagem em Poggibonsi, a Fattoria del Cinciano.

A estrada SR222 é conhecida como a Via Chiantigiana. São apenas 127km de estradas estreitas e belíssimas, em que a velocidade raramente pode ultrapassar os 60k/h, mas para que a pressa se a paisagem é belíssima?

Estrada de mão dupla, nem sempre, rota do Chianti, Itália
Estrada de mão dupla, nem sempre, rota do Chianti, Itália

Para os apressados há radares por todas as vias e são tão estreitas as pistas que raramente dois carros passam entre si com tranquilidade.

Optamos por começar com o povoado de Montefioralle em Greve, onde existem duas vinícolas que fazem degustação em um ambiente super intimista. Sugiro reservar antes, não conseguimos conhecer a Altiero porque estava lotada.

A chegada no povoado de Montefioralle já anima o espírito. Que lugar lindo, calmo e pitoresco. Passeamos pelas ruas silenciosas e geladas, cujo mistério só era quebrado por algumas placas que denunciavam: ali há uma pousada, aqui um restaurante.

A minuscula Montefioralle em Greve in Chianti, Toscana, ITália
A minuscula Montefioralle em Greve in Chianti, Toscana, ITália

Toda de pedra, fica em uma colina. Vale a pena caminhar pelas ruas da cidade apreciando a vista dos vinhedos de sangiovese. Embaixo, em uma via de mão única (obrigatório prestar atenção aos espelhos e não descer se vier outro carro), está a primeira vinícola do dia de idêntico nome Montefioralle.

Empolgação da pessoa ao chegar na primeira vinícola antes das 10h da manhã
Empolgação da pessoa ao chegar na primeira vinícola antes das 10h da manhã

Montefioralle, primeira vinícola

O wine tour custa E$20,00 por pessoa e esse é o preço médio das vinícolas de Chianti. Em Montalcino as degustações normalmente são mais caras, sendo que no Castello Banfi custavam E$70,00.

Primeira vinícola do dia, Montefioralle, Chianti
Primeira vinícola do dia, Montefioralle, Chianti

Fomos recebidas pela filha do proprietário, enóloga e que faz o passeio por dentro da produção da pequena, muito pequena, vinícola Montefioralle. Criada em 1968, tem produção de apenas 7 mil garrafas.

É possível fazer a prova do lado de fora ou dentro do casario antigo, optamos pela segunda opção pois o dia estava frio e nublado. Além das comidinhas servidas, a prova é composta de 04 vinhos.

Local do tasting da Motefioralli, Greve in Chianti
Local do tasting da Motefioralli, Greve in Chianti

O primeiro foi o Chianti clássico preparado com 90% de uvas sangiovese 5% Colorino e 5% Canaiolo . Essas duas castas de uvas não são muito conhecidas/produzidas na América Latina, sendo autóctones da Itália. Geralmente são acrescidas aos Chiantis para dar uma coloração mais forte e profunda e no caso da Canaiolo dar as notas herbácias ao vinho.

Tasting da Montefioralle, Greve in Chianti
Tasting da Montefioralle, Greve in Chianti

O segundo Chianti que provamos na Montefioralle foi o Clássico Reserva do ano de 2015, que gostamos mais por ser mais palatável, menos ácido.

O terceiro vinho foi o I.G.T, de guarda prevista de 12 a 15 anos, uma seleção das melhores uvas da vinícola. Com 50% de Merlot e 50% Cabernet Salvignon. Para provar que nem só de Chiantis vive a rota do Chianti.

Motefioralli, Greve in Chianti
Motefioralli, Greve in Chianti

Essa vinícola, inclusive, encontrei no blog Viajando para a Itália, que também percorreu a rota do Chianti.

Castelo di Ama, segunda vinícola

A Castelo di Ama é o oposto da Montefioralle, uma enorme vinícola, tanto em espaço, contando com restaurante, hotel e infraestrutura invejável, como pela quantidade de vinhos produzidos.

Todos os caminhos levam ao mesmo lugar, rota do Chianti, Toscana, Itália
Todos os caminhos levam ao mesmo lugar, rota do Chianti, Toscana, Itália

Escolhi conhecer a Castelo di Ama pela quantidade de seus vinhos na lista dos melhores Chiantis tanto pela Wine Expectation como por Robert Parker, dos nomes de peso quando falamos em crítica de vinho. Colocar no roteiro foi uma ótima ideia, já que pudemos provar um excelente vinho rodeado de uma linda vista.

Almoçamos no Castello di Ama e, embora a comida não fosse excepcional, a beleza do local, a receptividade e a qualidade dos vinhos já a coloca entre as melhores de Chianti.

Além disso, o restaurante nos dá a impressão de que estamos na casa de um familiar. Poderia ser a casa de minha avó, se ela fosse uma condessa ou baronesa.

Restaurante do Castelo Di Ama, como na casa da vovó (se sua avó for uma condessa)
Restaurante do Castelo Di Ama, como na casa da vovó (se sua avó for uma condessa)

Não fizemos o tasting pois provamos o vinho no almoço, mas compramos alguns exemplares para levar ao Brasil e recomendo muito. Provamos o AMA Chianti Clássico 2016 feito com uvas Sangiovese (96%) e Merlot (4%). O vinho tem suas uvas colhidas dos quatro vinhedos pertencentes à vinícola de nomes Bellavista, Casuccia, San Lorenzo e Montebuoni.

Local do Tasting do Castelo di Ama, Rota do vinho de Chianti, Itália (2)
Local do Tasting do Castelo di Ama, Rota do vinho de Chianti, Itália (2)

Logo ao pedir o almoço, fomos recebidos com tacinhas do rosé da vinícola. Cortesias da casa super bem vindas, não nos impressionou muito no sabor, mas sim na gentileza.

Castello di Brolio – terceira vinícola

Se o Castello de Ama já nos espantou pelo tamanho, o castello di Brolio realmente se superou no quesito: atrações + vinícola + localização + beleza natural.

Parrerais em todo horizonte da Castello di Brolio, Itália
Parrerais em todo horizonte da Castello di Brolio, Itália

A propriedade é tão grande que para conhecermos todo o castelo precisaríamos de um dia e um mapa. Como já estávamos no final da tarde, optamos por conhecer apenas o jardim, sem adentrar no museu, e seguir para o ponto de prova que fica fora da propriedade, próxima ao estacionamento.

Capela do Castello di Brolio, Chianti, Itália
Nessa capela está enterrado Bettino Ricasoli, Castello di Brolio, Chianti, Itália

A vinícola é famosa em toda a Itália por ser o suposto local de criação do Chianti, no Século 9. Conta a tradição que Bettino Ricasoli, o membro mais famoso da família, chegou a ser o primeiro ministro da Itália em 1861.

Ao sair da política iniciou estudos em vinicultura, que levaram à criação do Chianti, com sangiovese, malvasia e canaiolo.

Detalhe da Capela do Castello di Brolio, Itália
Detalhe da Capela do Castello di Brolio, Itália

O Castelo e a fortaleza, também do Séc. X, estão abertos à visitação. A parte interna é quase toda um museu, embora alguns descendentes de Bettino Ricasoli ainda residam em partes privativas do castelo.

A área de compra e prova dos vinhos fica fora da propriedade e é bem moderna, com venda de vários produtos, como azeite de oliva e utensílios como taças.

Villa Cerna – quarta vinícola

Conhecemos a Villa Cerna dois dias após visitarmos o Castello di Brollio, ao voltar de San Gimigniano em direção à Siena. Como a vinícola fica em Castellina in Chianti , achei que seria interessante colocar neste post nossa experiência.

A imagem de Villa Cerna, a rota do Chianti na Toscana
A imagem de Villa Cerna na rota do Chianti da Toscana

A vinícola faz parte do conglomerado Cechi que produz desde o supertoscano Coevo até Brunellos de Montalcino. O Chianti Clássico leva o nome da Villa Cerna e logo na entrada, a fosteria nos recebe com um imenso cacho de uvas de vidro.

No mesmo local é possível por E$ 20,00 fazer o wine tasting com 03 vinhos, dois tintos e um branco, com a visita à vinícola incluída. Preferimos conhecer o restaurante, muito bem recomendado.

O restaurante nos impressionou, tanto a comida estava deliciosa, como o ambiente acolhedor, o serviço impecável e os vinhos excepcionais.

Provamos um Le Volte Dell’Ornellaia da conhecida Tenuta dellOrnellaia, um ótimo supertoscano. Seguimos com o Chianti Classico da Villa Cerna que também não deixou a dever.

O castelinho do proprietário da Villa Cerna
O castelinho do proprietário da Villa Cerna

Como chegar na rota do Chianti

Existem três formas de conhecer o interior da Toscana: em um tour, com carro alugado e com motorista.

Optamos pelo carro alugado por estarmos em quatro pessoas. Pela lei italiana é exigido a PID, permissão internacional para dirigir, que se retira no Detran do Brasil com 15 dias úteis de antecedência, ao menos em Salvador. Em outros estados pode levar menos tempo.

Uma janela para o paraíso, Motefioralli, Greve in Chianti
Uma janela para o paraíso, Motefioralli, Greve in Chianti

Ficamos receosos com as informações truncadas. Na Europcar, nos informaram que não era necessário. Na Hertz que era obrigatório e a multa era de 500 euros. Na Avix era obrigatório e a multa 1.000 euros. Na que alugamos, a Knowleggi City Car Rent o dono nos disse que já havia alugado carro para milhares de brasileiros que não tiveram problema.

Decidimos correr o risco e alugar o carro na Knowleggi City Car Rent, que teve o preço mais em conta e a comodidade de falar com o proprietário. Não fomos parados, sequer vimos um policial na estrada.

Respeitamos os limites de velocidade (existem radares por toda parte) e o motorista da rodada respeitava os limites de bebida (na Itália não é lei seca).

Eu vejo vinhedos por toda parte, o tempo todo, rota do Chianti, Toscana
Eu vejo vinhedos por toda parte, o tempo todo, rota do Chianti, Toscana

Quatro diárias e meia custaram E$ 455,00. No momento da reservar foi feito uma autorização de R$ 500,00 no cartão, que na entrega foi estornada e resultou no valor final pago.

Embora seja uma locadora pequena, recomendamos. Fica na Rua Borgo Ognisssanti, 111 Rosso, 50123 em Florença. Essa é a rua que concentra a maioria das locadoras, então pode fazer vários orçamentos e decidir.

Onde ficar na rota do Chianti

É possível pernoitar em pequenas pousadas dentro das cidades, mas optamos por uma forma diferente de hospedagem, o Agriturismo. Casarios antigos, normalmente no meio de uma fazenda ou vinícola. E lá se compartilha o espaço com os proprietários, cachorro, gato e amizade.

Acordar e ver as oliveiras de Poggibonsi na Rota do Chianti, Itália
Acordar e ver as oliveiras de Poggibonsi na Rota do Chianti, Itália

Onde se come o queijo feito com o leite das cabras que estão sendo pastoreadas logo em frente. Onde se toma o vinho dos parreirais que enfeitam a vista do quarto.

Isso tem um preço e esse valor não é em euros, é não ter a comodidade de ficar dentro das muralhas das cidades antigas. Para quem alugar carro, o inconveniente é diminuído, já que não se estaciona dentro dos centros históricos em toda Itália.

O centro é reservado para automóveis de moradores e a entrada é multa certa.

Fattoria del Cinciano, Poggibonsi, Toscana, Itália
Fattoria del Cinciano, Poggibonsi, Toscana, Itália

A placa abaixo mostra o limite para carros de não moradores. Se passou por ela sua placa é filmada e a multa chega. Se estacionar pode não encontrar na volta (vai ser guinchado) ou encontrar com correntes nas rodas. Não é um bom negócio.

Onde não entrar na Toscana
Onde não entrar na Toscana

Optamos então por estacionar nos parkings próximos à porta de entrada das cidades e, no final da tarde, pegar as estreitas estradas em direção ao nosso Agriturismo.

Quando saímos do Castello di Brolio nos dirigimos a Poggibonsi, onde estava a lindinha Fattoria del Cinciano. A hospedagem é conhecida em toda região pelo maravilhoso restaurante, mas que não abre às quintas-feiras, logo quando fomos conhecer.

Quarto quase apartamento na Fatoria del Cinciano

Em compensação, o café da manhã foi dos deuses e toda a propriedade é muito linda, ideal para famílias, já que o quarto é praticamente um apartamento. Os donos produzem vinhos e azeite de oliva e nos deixaram muito à vontade com sua simpatia. Adoramos!

Fattoria del Cinciano
Fattoria del Cinciano

Outros passeios pelo mundo dos vinhos e rotas de vinícolas pelo mundo

Temos uma paixão enorme por conhecer vinícolas e percorrer rotas de vinhos. Estivemos em Mendoza e Cafayate na Argentina. Visitamos as vinícolas de Franschhoek, Paarl e Stellenbosh na África do Sul. A lindinha Carmelo no Uruguai e recomendamos 05 vinícolas para conhecer antes de morrer.

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1 Comentário

  • Responder
    Hotéis em Roma, Florença e Veneza - Viagens Invisíveis
    8 de setembro de 2019 em 11:53

    […] A rota do Chianti na Toscana, Itália […]

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